Você deve conhecer a famosa canetinha de CD, responsável por escrever “Hits do ano” nos seus discos lá de 2008, antes de existência do Spotify e alguns piercers utilizam essa canetinha para fazer marcação de piercing, mas será que essa é a forma correta?
Mais ou menos nessa mesma época dos hits do ano, era mega comum que as marcações de piercing fossem realizadas com essa canetinha de CD e, por mais ultrapassado que seja, alguns “profissionais” piercers ainda fazem o uso desse material até hoje.
Sim, marcação de piercing com canetinha de CD é errado e você vai entender as razões pelas quais você NÃO deve fazer marcação de piercing com esse instrumento!
Muito comum dentro de cozinhas profissionais, o termo “contaminação cruzada” explica bem os riscos envolvidos em marcar várias pessoas com a mesma canetinha! Exemplo prático:
Paula e Fernanda estão indo em uma cafeteria comer uma torta e tomar um cafezinho de lei. Quando a atendente vem retirar o pedido das meninas, Paula pede uma fatia de torta de frango e Fernanda uma fatia da de camarão. Após um tempo, as fatias chegam e entre uma garfada e outra, Paula começa a sentir uma coceira na boca e na garganta. Após mais um tempo, começa a sentir falta de ar. Paula corre para a emergência médica e lá descobre que estava tendo uma reação alérgica ao camarão. Mas como? Paula não estava comendo uma torta de frango?
Com a mesma faca que cortaram a torta de camarão que Fernanda havia pedido, cortaram a torta de frango de Paula, gerando assim uma contaminação. Paula, que sabia de sua alergia, pediu pela torta de frango justamente para evitar esse tipo de situação, mas mesma se prevenindo, a coitada foi parar no hospital por puro descuido da cozinha, que acabou gerando uma contaminação cruzada no alimento.
Trazendo esse cenário para o nosso Universo do Piercing, vamos para outra história: Paula agenda uma perfuração bucal contigo, confiando em você como profissional, mas ao realizar a marcação, você utiliza uma canetinha de CD que passou pelas bocas, narizes, orelhas, umbigos… de vários outros clientes. Na manhã seguinte ao furo, Paula acorda com o lábio empolado, cheio de bolinha, que coça bastante e isso nada tem a ver com a perfuração em si, mas com a canetinha que você usou, essa estava contaminada com algum vírus, como o da herpes, advindo de um outro cliente (e o pior, você nem faz ideia de qual).
E agora, Paula, pobre coitada, que só queria ficar mais bonita e estilosa com seu piercing da boca, está com alguma reação viral e culpa é toda sua que usou canetinha de CD para fazer marcação do local perfurado.
Como foi demonstrado nos cenários acima, a contaminação cruzada é um risco bastante comum e o uso de canetas em marcações de piercing aumentam muito a chance da sua ocorrência, colocando a saúde dos seus clientes em riscos.
Ah Maria, então se eu usar uma caneta para a marcação de cada cliente, fica tudo bem?
Não, ainda que a situação melhore, não fica tudo bem!
Caneta esferográfica e marcadores de CD não foram feitos pra uso tópico, não foram criados para serem utilizados em procedimentos crítico invasivos como o piercing. Fazemos a perfuração exatamente no local onde marcamos, ou seja, a tinta da caneta entra em contato direto com a corrente sanguínea do cliente, que pode acabar tendo uma reação alérgica à tinta, mesmo que essa seja atóxica.
Expliquei melhor sobre isso em um vídeo lá no instagram, clica aqui para conferir!
Então qual o jeito certo de fazer a marcação?
Por todos esses motivos, a marcação deve ser feita utilizando pigmentos específicos para uso no piercing, como os fabricados e vendidos pela Electic Ink, ou utilizando violeta genciana, que é um antisséptico de uso tópico encontrado facilmente em qualquer farmácia e deve ser aplicado sobre a pele após o decante correto com uso de um palito de dente descartável esterilizado previamente na autoclave.
Agora que você aprendeu qual o material correto para fazer as marcações no piercing, recomendo que aprenda como descartar os lixos infectantes do seu studio, clicando aqui!
